|
IN_BLOC
in_bloc é um projecto que pretende mostrar intervenções artísticas e posicionamentos/lugares da cultura urbana actual. As produções mostradas a partir deste projecto utilizam meios e tecnologias diversos - são apresentados trabalhos no âmbito das artes visuais, da fotografia, do vídeo, do design gráfico, design industrial, design de som,
web design, design de moda, da música, da dança, da performance. Alguns dos projectos são realizados em parceria - coproduções que resultam no cruzamento de diferentes meios, técnicas ou áreas e que relacionam/conjugam posturas artísticas e formais individuais.
A apresentação das obras organiza-se e articula-se a partir da própria dinâmica espacial do lugar maushábitos - as características do espaço foram consideradas na definiçção de percursos e de etapas de visualização da exposição, bem como na construção de blocos de mostra dos trabalhos. Esses blocos relacionam-se e pode considerar-se que, finalmente, tomam uma forma.
Os blocos de mostra organizam-se em:
instalações no espaço>
projectos que ocupam os recintos e os locais de passagem que os relacionam;
showcase vídeo>
bloco que reúne projectos de diversos autores;
showcase som>
bloco que reúne projectos de som de diversos autores;
showcase live>
bloco que reúne actuações em que são apresentados projectos de música, som, vídeo, teatro, performance;
eventuais acontecimentos sociais>
lançamento de revistas e de edições literárias.
Os projectos presentes na in_bloc mostram, de algum modo, lugares e produções da cultura urbana. Alguns dos autores mostram-se aqui sob uma nova perspectiva - e esse foi outro objectivo da in_bloc.
comissário
Pedro Maia
.....................................
Para uma tecnologia política do tempo
Se pensarmos um pouco, em especial à luz dos acontecimentos recentes, a história do século que acaba de terminar, seremos inevitavelmente confrontados com uma aparente simultaneidade entre uma nova mundividência temporal que se inaugura, tudo leva a crer, no período que abrange os dois conflitos à escala mundial e à falência de um determinado pensamento de ordem especulativa e sistemática.
Será de supor, inclusivé, que a opção pela via das armas como facto de natureza política possa ser, por seu turno, um prolongamento no plano empírico daquilo que se constitui eminentemente como problema metafísico, ou seja, a experiência individual e colectiva do Tempo. Teríamos assim que a uma relativa acelaração ou desarticulação dessa experiência no plano da vida mental seria possível fazer compreender, por um lado, a involução do político através da opção pela via militar e, por outro, uma invalidação no plano especulativo de um pensamento capaz de produzir grandes sistemas.
Não deixa de ser curioso referir que num outro plano, o da elaboração estética, tal período tenha assistido, de igual modo, a um fenómeno de proliferação de - ismos ou, até mesmo, de cortes radicais com as diversas tradições artísticas, isto como se à consciência crítica dos criadores dessa época fosse impossível recomduzir em termos de estabilidade e de cânone as respectivas esperiências no plano vital.
As recentes incidências de ordem político-militar vêm, entretanto, e por uma estranha coincidência cujo verdadeiro alcance ainda não é possível descortinar por completo, recolocar o problema da experiência do devir temporal, isto em termos daquilo que parece constituir a entrada em cena de um novo paradigma ou de uma nova articulação do devir - o mais provável é, de resto, que tal articulação se faça sob o signo das categorias do Único e do Múltiplo, o que, em substãncia, equivaleria a dizer que estariamos na eminência de uma articulação nova e trágica do Tempo.
Restará acrescentar, a este propósito, que dificilmente se torna vislumbrável se o momento actual é ou não propício à estabilização de um sistema de ordem especulativs ou de doutrinação estética, sendo que aos respectivos problemas, e por enquanto, apenas os podemos tentar situar numa escala de atraso ou de projecção temporais.
Julgo, entretanto, que se nos propusermos considerar à luz do que acaba de ser dito a mais recente produçção no domínio, por exemplo, dos audiovisuais será por ventura possível não digo que aferir do grau de justeza do quadro teórico agora proposto, o que seria de somenos importância, mas antes ver em que medida esse quadro é susceptível de ser problematizado ou, até mesmo, de se tornar caduco pela vertigem múltipla e insolente da corrente do Tempo.
Pedro Luís Ningre
..................................... |