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Vitor Silva Cravo - Extéril

Inauguração / Opening

29 - 04 - 2006

Extéril

21.30 h Sábado / 9.30 pm Saturday

VÍTOR SILVA CRAVO

"Pasquino em Molelos"


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Pasquino em Molelos

(objecto em barro negro, desenhos e imagens fotográficas)

Pasquino é o nome do fragmento de uma escultura clássica antiga, ainda hoje no mesmo lugar que o Cardeal Caraffa mandara edificar, perto da Piazza Navona em Roma, por volta de 1501. Também conhecido por Ajax que transporta o corpo de Pátroclo, Alexandre o Grande nos braços de um soldado, Gladiador, Hércules, Menelau que transporta o corpo de Prátoclo, etc., a sua mais conhecida nomeação advém, após a sua descoberta e depois de muitos anos de abandono, do nome de um popular alfaiate conhecido pela irreverência com a qual criticava publicamente o Papa e a corte pontifícia. A liberdade de opinião, por um lado, e a tradição dos festejos de S. Marcos, por outro - a qual incluía por iniciativa do Cardeal Caraffa, a transfiguração da própria escultura em figura mitológica, revestida de versos latinos, de modo a encorajar os estudos humanistas -, supuseram, erradamente, que a autoria dos libelos e dos escritos satíricos – muitos comuns a partir do século XVII – teriam a sua origem na verve denunciadora do dito Pasquino.
A função humanista e satírica do Pasquino não tendo sido um caso único em Roma, tornou-se, com o tempo, a mais admirada e popular, dando lugar ao próprio termo pasquinade, no qual se combinam o libelo, a sátira, a escrita e o desmascaramento público.

Molelos (lê-se Molélos) é o nome de uma aldeia, no sopé da serra do Caramulo, pertencente ao concelho de Tondela, muito conhecida pelo fabrico artesanal de louça preta. O trabalho dos oleiros que ali se realiza conserva técnicas ancestrais. A típica loiça preta obtém-se através de um processo de cozedura redutora que permite produzir loiça de barro de cor negra e brilho metálico. O barro é moldado na roda do oleiro que é movida pelos seus pés. As peças depois são secas lentamente ao ar para perder parte da água que existe no barro. Esta operação pode levar até três semanas, dependendo da temperatura e humidade do ar e exige vigilância constante, pois a louça tem de secar devagar e por igual, caso contrário pode estalar ou rachar ficando inutilizada. As peças são então "brunidas", ou seja, são alisadas com um seixo, existindo seixos na posse da mesma família há mais de cem anos. Este alisamento do barro é o que origina no final o brilho metálico característico e exclusivo destas peças de loiça preta de Molelos.
A soenga consiste em cozer o barro numa ligeira cova escavada no solo com lenha e caruma de pinheiro como combustível. Na fase final de cozedura acrescentam-se ramos verdes ao forno tapando em seguida os orifícios de saída, provocando assim uma atmosfera carregada de carbono que se deposita sobre as peças e uma transformação físico-química dos óxidos metálicos das argilas devido ao monóxido de carbono. Esta técnica tem sido substituída por fornos a lenha, mais práticos e funcionais.


Referências: HASKELL, Fancis & PENNY, Nicholas – Taste and the antique. The Lure of Classical Sculpture 1500-1900. New Haven and London: Yale University Press, 1981;http://molelos.no.sapo.pt/


Agradecimentos especiais a António Duarte.

Vítor Cravo

Porto, 29 de Abril de 2006

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Curadoria de
Curated by
Teixeira Barbosa
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