Isto não é uma oliveira, é o filme que me propus trazer para a exposição.
O filme de Jafar Panahi,This is not a film, é tão culpado da escolha do título quanto a pintura de Magritte, Ceci n’est pas une pipe.
O método atual de colheita da azeitona manda que se coloque um dispositivo vibrador no seu tronco. Esta foi a imagem que ativou o filme.
Miguel Navarro em la so(m)bra de lo real fala de uma tendência que o Homem contemporâneo tem para a obesidade, uma obesidade que não é apenas física, mas transversal a todos os sentidos, destacando a visão entre os demais, atacada por uma superabundância de imagens espetaculares. Navarro reconhece na arte uma espécie de antídoto para este problema, que deve atuar segundo estratégias extremas de anorexia e bulimia.
Não querendo radicalizar a questão, a minha proposta de exercício comodista aspira conseguir alguns resultados, que não físicos, porque a falência do dispositivo vibrador nesse sentido é evidente, mas reconhecendo as capacidades do aparelho, pensa-se nele de forma livre, improvisa-se um exercício para os olhos.
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EN
This is not an olive tree, it's the movie that I set out to bring to the exhibition.
Jafar Panahi's film, This is not a film, is as guilty of the title's choice as Magritte's painting, Ceci n'est pas une pipe.
The current method of harvesting olives requires a vibrating device that has to be placed on one’s torso. This was the image that stimulated this movie as it is right now.
Miguel Navarro in La so(m)bra de lo real speaks in a tendency that the contemporary Man has of obesity, an obesity that is not only physical, but in every sense, highlighting the vision as a sense that is strongly attacked by the spectacular imagery abundance;
Navarro recognizes Art as a kind of antidote to this problem, which must act according to extreme strategies of anorexia and bulimia.
Not wanting to radicalize the question, my proposal for a comfortable exercise aims to achieve some results, other than physical, because the failure of the vibrating device in this sense is evident, but recognizing the capabilities of the device, we think of it freely and improvise an exercise for the eyes.
Sinopse por João Araújo
elemento da comissão de seleção Take One, do Festival de Curtas Metragens de Vila do Conde.
PT
Um exercício teórico pode ter origem num exercício físico: utilizando a câmara como se fosse o dispositivo vibratório que é colocado nas oliveiras para a colheita da azeitona, o resultado é uma série de imagens originais e intrigantes. A câmara agita-se, foca e perde o foco, sem se perceber exatamente o que está a acontecer. Esta desorientação estranha-se mas entranha-se, ajudada pelo cíclico ruído mecânico que acompanha as imagens. As palavras de uma tranquilizadora voz feminina permitem enquadrar o filme: um exercício visual afinal também pode ser livre.
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EN
A theoretical exercise can stem from a physical one: using the camara as if it was the vibrating device placed on the olive tree for the harvest of its fruit, the final result is a series of original and intriguing images. The camera shakes, gets in and out of focus, and we don´t exactly know what is happening. At first this is a strange disorientation, but then you get used to it through the cyclical mechanical noise that joins the images. The words of a peaceful female voice allows you to frame the film: a visual exercise after all can also be free.
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CARLOS ARTEIRO
Vila Nova do Conde, 1992
Portugal
Em 2015 licenciou-se em Artes Plásticas, ramo de Escultura, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, instituição que o reconheceu pelo aproveitamento escolar excecional nos anos letivos 2011/12 e 2014/15 com a atribuição de uma bolsa de estudo por mérito; como vencedor da edição de 2013 do Prémio Incentivo da Universidade do Porto; e ainda com a atribuição do Prémio de Aquisição, com a obra AMURAS, na exposição Prémio Aquisição de finalistas 2014/15.
Recentemente concluiu o Mestrado em Práticas Artísticas Contemporâneas, entre a já referida Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e a Facultad de Bellas Artes da Universidad Complutense de Madrid, ao abrigo do programa Erasmus+. Para tal desenvolveu o projeto O QUE FAZEMOS DE IMPROVISO, E O QUE FAZEMOS.
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