|
BOUNDARIES // Project-room apresentado na Por-Amor-à-Arte Galeria_03
A palavra inglesa Boundary possui um duplo sentido para a ideia de fronteira/limite, que no meu trabalho tem também um duplo sentido: um limite que corresponde a uma fronteira física (territorial) e, ao mesmo tempo, um limite ou “horizonte” psicológico, que nos projecta para outro domínio, que é o das limitações humanas psicológicas. “Boundaries”, ou a questão dos limites, da relação inevitável entre dois tipos de limites/limitações, estando um dentro do outro: um limite-forma mais complexo que se “movimenta” dentro de um outro limite-suporte que, apesar do aparente carácter mais estático, assume a importância de “controlador” e definidor da forma (espaço-cenário).
Há aqui uma abordagem da questão das limitações tanto físicas como psicológicas a que todos nós estamos sujeitos enquanto seres humanos individuais, questões estas que passam pelos limites do nosso “corpo físico” como também da nossa mente que depende deste para se expressar. Ao mesmo tempo existe outra “condição Humana” que é a de que vivemos em sociedade havendo determinadas regras e “pré – conceitos” que somos obrigados a seguir e que eu sintetizo na ideia de fronteira territorial (ou a do próprio suporte de trabalho). As minhas formas são uns “seres claustrofóbicos” que vivem inconformados dentro dessas fronteiras sociais e procuram na força interior (aquilo que nos torna mais caracteristicamente seres racionais e humanos) e nos horizontes psicológicos, uma saída, um escape, que muitas vezes não é encontrado na prática mas está dependente de nós e vive connosco. Temos dentro de nós a saída ou a simples procura de adaptação como objectivo para ser feliz, que pode se tornar numa constante e infinita busca.
No projecto com luz negra, eu procuro transmitir uma espécie de síntese desta ideia através do destaque dos limites e das formas, por vezes relacionada no mesmo suporte, outras vezes em suportes distintos, mas que aqui agrupados se tornam numa unidade e se complementam na sugestão de uma relação complexa entre dois tipos de limites que eu entendo como indissociáveis.
Manuela São Simão (Novembro 2003) |