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8.
> AMANDA MIDORI e LUDGERO ALMEIDA
Na janela do espaço expositivo surge uma televisão e nela uma paisagem.
Através da inversão da perspetiva expectável, que por norma é lida do interior de um
recinto para o exterior, tem-se agora o sentido oposto.
“Propagação de uma paisagem virginal” busca estetizar conceitos relacionados com a subversão dos meio
publicitários e da linguagem por imagens, primando pela sua absorção e sacralização,
corrompendo a sua significação por outro media – o áudio.
Da relação possível entre eles, pretende-se um jogo de sedução e fascinação,
onde finalmente, a lentidão, a compenetração, o espiritual e
o meditativo sejam «vendíveis» pelos moldes tradicionais do «espetáculo».
Este «espetáculo» adapta-se às demandas emergentes.
Por outro lado, também ele dá a ordem do «novo», do «necessário», do «modelo» e
da «moda», tal são as lógicas da presa e do predador.
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Amanda Midori
São Paulo, 1988.
é artista visual e arte-educadora, graduada em Bacharelato e
Licenciatura em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil
Atualmente, finaliza o mestrado em Arte e Design para o Espaço Público na
Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Portugal.
Desde 2010 vem desenvolvendo projetos artísticos imersos em processos de
criação coletiva. Por meio deles, busca potencializar a relação entre o fazer artístico e
sua integração na aprendizagem cotidiana, envolvendo continuamente os conceitos de
autopoiese e ator social, oriundos respectivamente da biologia e da ecopedagogia,
dentro da prática artística.
Ludgero Almeida
Guimarães, 1989.
Vive e trabalha em Santo Tirso.
Licenciou-se em Artes Plásticas, ramo de Pintura, pela Faculdade de
Belas Artes da Universidade do Porto,
tendo frequentado a Faculdade de Belas Artes da
Universidade Politécnica de Valência, pelo programa Erasmus Mundus.
Entre experiências diversas que ladearam a performance, o teatro e posteriormente o cinema,
encontrou na literatura o principal universo que transportou como dinâmica pessoal,
na revelação ideológica e conceptual, que depois conquistou para a pintura.
No seu trabalho artístico existe uma necessidade recorrente de traduzir por desenhos e/ou pintura
um universo poético e filosófico, surgindo, assim, uma imagem anfibológica próxima a
uma crônica dissimulada que se pode associar ao universo das narrativas de
Albert Camus, Fiódor Dostoievski, Anton Tchekhov ou Franz Kafka,
onde as personagens ganham contornos controversos, pitorescos, obsessivos.
Neste último ano de trabalho desenvolveu a série de obras pictóricas designadas como
«Antípodas – o absurdo na memória», que despontaram na
exposição coletiva na Galeria Gomes Alves, em Guimarães, de julho a setembro de 2013. |