"Ordem e Progresso (Pixote) "
3'14''
2017
Agradecimentos:
Projeto Fidalga, Felipe Souto Ferreira e Ocupação Ouvidor 63.
Sinopse: Ordem e Progresso (Pixote) é uma obra em vídeo realizada a partir da experiência especial e única da Residência Paulo Reis no Ateliê Fidalga, durante o mês de agosto de 2017.
A obra é filmada a partir do último andar daquela que se define como a maior ocupação artística da América Latina, a Ocupação Ouvidor 63, uma ocupa - juridicamente ilegal mas ética e socialmente legítima - de um edifício estatal deixado ao abandono e à decrepitude, por mais de 100 artistas, a 1 de maio de 2014.
O vídeo é um plano fixo que enquadrando três edifícios de cinzenta arquitetura, vai sendo invadido pelo movimento, sub-reptício e a meia haste, de uma desproporcionada bandeira do Brasil (a da justamente chamada Praça da Bandeira no centro de São Paulo). A simbólica bandeira de Ordem e Progresso magnetiza como um sinal dos tempos Temer-osos, escondendo-se e ressurgindo atrás de um outro prédio desocupado. Aqui, insígnias da tradicional pixação paulista, juntam-se a uma homenagem à personagem do filme icónico brasileiro Pixote (Hector Babenco, 1980).
Uma bandeira que tremula timidamente em uma cidade enevoada, em meio a edificações algo aterrorizantes. O mesmo amálgama urbano, só que visto por outro ângulo, a atestar uma urbe de fluxos quase estrangulados. Detritos da construção civil mesclados a imagens de devastação. Chuva ácida, poluição, temor nuclear. Cacarecos dos escambos, trocas e vendas de cunho popular, como a dar o tom num panorama pré-apocalíptico. O ritmo de sobrevivência que persiste, apesar da falta da própria e legítima terra e dos incessantes conflitos advindos da luta por território. Paisagem-território que não deixa de se descortinar pelo âmbito político.
Mario Gioia, excerto do texto curatorial de Elogiamos a casa que se abre a perder de vista, na galeria Bolsa de Arte, de São Paulo, Dezembro 2017.
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REIS VALDREZ
"Unenclosed"
1'20''
Sinopse:
Durante um período de residência artística as janelas do estúdio
desempenharam o papel de sujeito e sobre a perspectiva das mesmas foram gerados diálogos com as possibilidades do seu eixo de rotação acentuando o retrato dessa experiência em enclausura num regime livre.
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SOFIA F. AUGUSTO
"Do não-lugar ao lugar"
5’
2016
sinopse:
Em tempos idos, na aldeia de Nogueira (Boticas, Trás-os-Montes), o campo de futebol tomou forma sob uma implantação bastante particular, no sopé de um monte. Assim, um suposto obstáculo geográfico e topográfico gerou a peculiar mise-en-scène deste lugar. Todavia, o êxodo da população para os centros urbanos e a criação de infraestruturas adequadas para a prática de desporto, remeteram este local de jogo ao esquecimento, descaracterizando-o. Os agentes que intervêm agora neste espaço são as crianças que ainda habitam a aldeia, num acto performativo que dá (e devolve) sentido ao lugar.
Artistas portugueses que vivem e trabalham no Porto, com percursos expositivos separados, trabalham desde 2015 em colaboração. Daniel Moreira é licenciado em Arquitectura, iniciando em 2000 um percurso multidisciplinar entre a arquitectura e as artes plásticas. Rita Castro Neves, após terminar o Curso Avançado de Fotografia do Ar.Co em Lisboa e o Master in Fine Art da Slade School of Fine Art de Londres, inicia uma atividade artística regular, de docência (atualmente na Faculdade de Belas Arte do Porto) e de curadoria (sobretudo na área da performance).
Com Laking, que realizaram em 2015 a convite do espaço artístico finlandês Oksasenkatu 11, iniciam um projeto longo a propósito da representação da paisagem, em que refletem com o desenho, a fotografia e o vídeo, de forma instalada, sobre colaboração artística, diferentes técnicas e culturas artísticas, território, escala e percurso. Mostrando na Galeria Bang Bang (Lisboa, 2016), Galeria Oitavo (Porto, 2017), Fundação José Rodrigues (Porto, 2017), na Sputenik The Window (Porto, 2017), no Museu da Imagem nos Encontros da Imagem de Braga (Braga, 2017), no Colégio das Artes (Coimbra, 2017), Galeria Bolsa de Arte (São Paulo, 2017), no Museu Geológico de Lisboa (Lisboa, 2018) e na Casa Museu Medeiros e Almeida (Lisboa, 2018). Em agosto de 2017 estiveram em residência artística na Residência Paulo Reis do Ateliê Fidalga em São Paulo, apresentando no final uma exposição individual, e em outubro de 2017 realizaram uma viagem de estudo ao Japão com a Bolsa de Estudo de Curta Duração da Fundação Oriente.. ...............................................................................
Reis Valdrez
Expõe com regularidade desde 2011 já tendo passado por diversos locais a nível nacional e internacional, destacam-se as exposições: Twisted Turn of Events na FAAP-MAB (Museu de Arte Brasileira) São Paulo, Brasil; Caminhos de Floresta no Centro das Artes José de Guimarães (Plataforma das Artes) Guimarães; Uma hora a mais na SALA-X, Pontevedra, Espanha; Extradelicato (Studifestival), Milão, Itália; Fortune Tailor na Sput & Nik The Window, Porto; Imediatismo e Mediatismo nos Maus Hábitos, Porto; FUSO Anual de Video Arte Internacional de Lisboa; Aperture na Galeria Dentro, Porto; Floating Islands na Cooperativa Arvore, Porto. Vencedor da Bolsa da Residência Artística da Calouste Gulbenkian em 2016 para a Fundação Armando Alvares Penteado, São Paulo, Brasil Vencedor do Grande Prémio da 7ª Bienal Internacional de Arte Jovem de Vila Verde. ...............................................................................
Sofia F. Augusto
(n. 1985). Vive e trabalha no Porto.
Formada em Arquitectura pela FAUP, conclui, em 2016, o Mestrado em Fotografia e Cinema Documental (ESMAE). No mesmo ano, colabora com o grupo de investigação CCRE (do Centro I&D da FAUP), onde desenvolve projectos de investigação visual e teórica em torno do universo da Fotografia relacionada com Arquitectura, Paisagem e Território. O seu trabalho mais recente debruça-se essencialmente sobre os temas do "limite/margem" e da "representação dos lugares e não-lugares", através de fotografia, vídeo-arte e instalação de som e imagem.
Participa em exposições colectivas de forma regular desde 2015, tendo já exposto no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas (S. Miguel, Açores), jardins do MAAT – Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (Lisboa), Bienal Internacional de Arte de Cerveira (V.N. Cerveira), Centr’Arte – Fórum da Maia
(Maia), Facultad de Geografía y Historia da Universidad de Salamanca (Espanha), entre outros locais. Entre vários prémios, em 2015 foi destacada no Concurso Nacional Jovens Criadores (CPAI) nas categorias de Fotografia e Vídeo, em 2016 foi finalista da Bolsa EDP Manoel de Oliveira e, em 2017, finalista da Competição Open Call do FUSO - Anual de Vídeo-Arte Internacional de Lisboa. www.sofiafaugusto.com ...............................................................................