Sonhou que uma estrada cortaria esse campo / Um rio de asfalto rasgaria a paisagem / A casa torna-se-ia numa ilha / A volta de si uma maré de carros.
Este ensaio visual surge da vontade de partilhar as paisagens e temporalidades sobrepostas que notei nas minhas derivas em torno da Casa-Museu Abel Salazar em Matosinhos.
DUO STRANGLOSCOPE, RAFAEL SCHLICHTING & CLÁUDIA CÁRDENAS
"Nuclear emulsion"
4'1''
2013
Interseções entre natureza, pintura, fotografia e cinema na busca de uma poética que expresse a passagem do tempo que escultóricamente se imobiliza na petrificação do humano como paisagem. Corpo fragmento. Corpo paisagem. Pedra. Pensamento sobre como a materialidade do grão (real, físico) imprime sobre a imaterialidade da imagem digital (binária).
"D Ó C I L_ objeto"
Vídeo registo de performance
4'13''
Captura e edição: Rodrigo Munhoz (Aka Amor Experimental)
2017
Na performance D Ó C I L_ objeto, utilizo materiais artificiais de ajustamento docorpo feminino para modificar minha aparência. Tenho como referência a ideal de uma mulher, linda, objetificada e silenciosa, algo similar a
uma boneca inflável.
Me monto a partir de acessórios e comportamentos que padronizam o feminino,brincando com a composição e estranhamento que o excesso de erotizaçãoprovoca ao objetificar o corpo.
Montada; experimento gestos, poses, ações, e abro uma grande lata de leitecondensado. Por meio de uma instrução escrita, convido o público a interagircom a ação; cada participante deve escolher um gesto ou pose para serem feitospor mim, então pode atirar leite condensado utilizando uma “arminha de água”.
"Cigarro Azul (Blue Cigarette)"
Telecinema de película de 16mm pintada, riscada e perfurada.
2'15''
Portugal, 2017
Numa rodagem o director de fotografia deve evitar o fenómeno chamado "fumo azul", quando se filma alguém a fumar a cores. "Cigarro Azul" é uma experiência de cinema directo em película de 16mm, tem a duração de um cigarro e esta pejado de queimaduras de beatas. A película foi torturada, arranhada, furada, apagada, colorida e animada: uma exploração sobre a volatilidade do meio fílmico, como se ele próprio fosse um cigarro que qualquer um pode fumar - até que se apaga.
"MENSAGEM"
8'
Videoarte Documental, Cor
S/ diálogos
(Br/Pt) Brasil
2016
Performer | Welket Bungué
Imagens Vídeo | Bernard Lessa
Produção, Concepção e Montagem | Welket Bungué
Texto | MENSAGEM de Paulo Tambá Bungué in 'Cabaró Djito Tem' - Lisboa
1996
MENSAGEM é um vídeo-arte documental que atua segundo aspetos da atualidade brasileira. Welket Bungué coloca-se no lugar do sujeito autorrepresentado, serve-se da ação simbólica para falar do caso da cidadã Cláudia da Silva Ferreira, moradora do Morro da Congonha, na zona Norte do Rio de Janeiro que foi mortalmente baleada por PM's na manhã de 16 de Março de 2014.
Em crítica à desinformação, perversidade e alienação como resultado da incoerência dos media de hoje, MENSAGEM é um evocativo sensível sobre a desumanização e o isolamento perverso a que as comunidades periféricas e os seus moradores estão sendo vítimas.
Rio de Janeiro, 1983, é cenógrafa e artista-investigadora.
Desde que vive gosta de observar o mundo e escutar os espaços.
Se interessa por quinquilharias, narrativas, afetos, memórias, paisagens…
Dedica-se a criar cenografias para teatro, trabalhos em espaços urbanos e a partir de situações quotidianas entre Brasil e Portugal, onde vive.
Em sua prática utiliza variados meios como: áudio, vídeo, textos, objetos, desenhos e fotografias.
É doutoranda em Artes Plásticas (FBAUP), ao abrigo de uma Bolsa (FCT), mestra em Arte e Design para o Espaço Público (FBAUP) e bacharel em cenografia (UNIRIO/RJ). Investigadora integrada não doutorada no Instituto de Investigação em Arte Design e Sociedade (I2ADS), membro da Direcção da Associação Portuguesa de Cenografia (APCEN) e integrante do grupo de teatro Foguetes Maravilha. Por suas cenografias recebeu os prémios - Shell, Cesgranrio e o Questão de Crítica (BR). ...............................................................................
Duo Strangloscope, Rafael Schlichting & Cláudia Cárdenas
Nosso trabalho tem origem tanto na pesquisa continuada sobre o campo das artes audiovisuais experimentais quanto na criação de videoartes, instalações em vídeos, filmes e performances com múltiplos projetores. A atração pela montagem, pela matéria fílmica e sua composição e diferentes modos de gerar outros mundos nos atraiu para o cinema experimental pela sua potência libertária e anti sistema em oposição aos métodos e modos de produção industrial do cinema convencional. Nosso trabalho em grande parte lida com as fusões, sobreimagens, colagens, etc como criação de um labirinto espacial e temporal em que se desfazem as ordenações sequenciais narrativas e passam a cohabitar as imagens como num mise en abyme, com o objetivo de perda referencial. Nossos trabalhos em videoarte tem sido exibidos em mostras em Berlim, Barcelona, Praga, Porto, Cidade do México, Tampa, Nova York, Paris, Zurich, Tel Aviv, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Ouro Preto, Belo Horizonte, Curitiba e o conjunto de vídeos e filmes tem sido exibido em festivais e mostra em todo o mundo como na Mostra do Filme Livre(CCBB Rio de Janeiro), TimelineBH (Belo Horizonte), CÓDEC/Festival de Vídeo y Creaciones Sonoras no México, TENT Little Cinema International Festival for Experimental Films and New Media Arts, em Calcutá, India, sob a curadoria de Raju Roychowdhury. Em tempos de pandemia fomos homenageados pelo Festival Internacional de Curtas de São Paulo, o Kinoforum, na Sessão Experimenta com exibição de um conjunto de vídeos do nosso Duo Strangloscope e ainda estivemos no VIDEOARTE Papo do MIS, São Paulo exibindo e comentando conjunto de trabalhos sob a curadoria de Márcia Granero.
O Duo Strangloscope ainda assina curadoria, realização e produção da Strangloscope: Mostra Internacional de Vídeo/Filme, Áudio e Performance Experimental que teve a 13a edição no ano passado. ...............................................................................
Letícia Maia
Brasil. 1988. Vive entre Brasil e Portugal. É mestranda em ArtesPlásticas - Escultura, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. É bacharela em Comunicação das Artes do Corpo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Sua prática artística se situa na performance em diálogo transdisciplinar com a escultura, a fotografia e o vídeo. Está interessada em investigar problemáticas relacionadas a construção social do corpo; principalmente no que diz respeito à construção de gênero, às relações de poder, docilidade, comportamento, controle, normatividade, sujeição, submissão, passividade, obediência e violência. Nos últimos anos, participou de festivais, mostras, exposições e residências artísticas no Brasil, Chile, Colômbia e Portugal. É uma das organizadoras da Movediça- Mostra de Performance arte, que acontece anualmente, desde 2017 na cidade de São Paulo, Brasil.
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Renata Bueno
Participa regularmente de exposições individuais e colectivas Tem mais de 45 livros publicados no Brasil além de edições e traduções em Espanha, México, Portugal, França, Holanda, China e Coréia do Sul. A artista tem esculturas em espaços públicos em São Paulo – Brasil, participa de projectos de ocupação e residências artísticas com a comunidade em Portugal e desenvolve oficinas artísticas presenciais e online em escolas, bibliotecas e outros espaços culturais.
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Ricardo Vieira Lisboa
Assistente de programação da Casa do Cinema Manoel de Oliveira desde 2019 e programador do festival IndieLisboa desde 2013, Ricardo Vieira Lisboa possui um mestrado em Realização e Dramaturgia pela ESTC. É crítico de cinema e cofundador do site A pala de Walsh. Coeditou o livro O Cinema Não Morreu: Crítica e Cinefilia à pala de Walsh, em 2017, e escreveu o catalogo A Gulbenkian e o Cinema Portugues II - Ensaio e Ficção, em 2019, a partir de um ciclo por si programado. Em 2021 integrou a equipa do Porto/Post/Doc.
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Welket Bungué
É artista transdisciplinar, de etnia balanta. Nascido na Guiné-Bissau a 7 de Fevereiro de 1988, e a residir em Berlim. É co-fundador da produtora KUSSA, faz locução para entidades internacionais, desenvolve Escrita Dramática, Argumento de Cinema, Performances e Teatro. É licenciado em Teatro no ramo de Atores (ESTC/Lisboa) e pós-graduado em Performance (UniRio/RJ). É Membro Permanente da Academia Portuguesa de Cinema desde 2015, e membro da Deutsche Filmakademie desde 2020. Em 2019 foi distinguido com o prémio “Angela Award - On The Move” no Subtitle Festival em Kilkenny, na Irlanda. Em 2020 Welket vence o "Grande Prémio MAAT - FUSO Festival Intl. de Videoarte de Lisboa" com o filme 'Metalheart'. Realizou os filmes 'Bastien', 'Arriaga', 'Eu Não Sou Pilatus', e 'Mudança'. Em 2020, protagonizou 'Berlin Alexanderplatz', de Burhan Qurbani, e cuja interpretação lhe valeu o prémio "Cavalo de Alumíno" para "Melhor Ator", no Festival Intl. de Cinema de Estocolmo.
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Curadoria de
Curated by
Luisa Sequeira
Investigadora, realizadora, artista visual e curadora de cinema. Transita em diferentes plataformas; vídeo, filme, fotografia e colagem, explorando as fronteiras entre o digital e o analógico.Nos últimos anos o foco do seu trabalho é a reconstrução poética das narrativas femininas na história da arte e do cinema, que foram invisibilizadas pelo poder patriarcal.
Trabalhou mais de uma década na RTP, coordenando e apresentando vários projectos, entre eles, destaca-se o Fotograma, um magazine autoral dedicado ao cinema em língua portuguesa.
Coordenou e realizou o Porto sem Nó, vencedor do Festival Internacional de Televisão do Rio de Janeiro. Realizou a longa-metragem documental, Quem é Bárbara Virgínia?, filme que que foi exibido em vários festivais de cinema; Festival Rotterdam, DocLisboa, Mostra de São Paulo, venceu o prémio para melhor documentário português no Porto Femme e no Festival Caminhos do Cinema Português. Realizou várias curtas e vídeos experimentais; O Terceiro Sexo, Limite, N?scut?, Rosa dos Ventos, Os Cravos e a Rocha, My Choice, Memória, substantivo feminino La Luna, Passageira, Mulheres no Palco.
Recentemente participou como formadora na residência artística da primeira edição do São Tomé Film Lab, participou na residência de criação de cinema na Meta Cultural Foundation na Roménia. Realizou várias exposições, entre elas, “A luz da Estrela Morta”, no âmbito do FITEI na galeria Nuno Centeno, “ O Tempo dos Outros” no Centro Cultural do Mindelo (Cabo-verde, 2019) “Crises Infinitas” com o artista Sama na galeria Sputnik the Window , “Ver com os Olhos dos Outros” na galeria Adorna Corações, exibiu os seus filmes na Anca Poterasu Gallery (Romênia) 1st BCK Film Symposiumm in Athens, Cinema Museum em Londres.
Desde 2010, é diretora artística do Shortcutz Porto, festival que conta com 266 sessões de cinema e é diretora do Super 9 Mobile Film Fest, o primeiro festival português dedicado a filmes realizados com dispositivos móveis.
Recentemente tem colaborado com o Teatro Experimental do Porto, com cinema expandido e vídeo arte. Realizou vídeos para a peça de teatro, Antígona e cinema expandido e manipulação de imagens em tempo real para o espetáculo, Estro/ Watts, de Gonçalo Amorim e Paulo Furtado. Colaborou com cinema expandido no projeto, Carne Poética, uma tríade feminina performativa com poemas autorais das poetas, Li Alves e Maria Giulia Pinheiro.
Em 2022 participou com vários trabalhos na 13ª Bienal de Kaunas com curadoria de Curadoria de Benedetta Carpi De Resmini, inserido na para a exposição Landed Magic Carpets /Kaunas 2022, Capital Europeia da Cultura.
Atualmente está a realizar vários projetos, entre eles a série "As Pioneiras do Cinema em Língua Portuguesa” e um documentário sobre “As Novas Cartas Portuguesas”.