"Vozes da paisagem"
FBAUP, pavilhão de exposições
curadoria: Pedro Maia
...............................................................................
Vozes da Paisagem é uma exposição enquadrada no projeto de investigação El paisaje que habla que tem como objetivo o desenvolvimento de estudos em torno do território, em universidades do México, Portugal e Espanha. A exposição, pensada como uma Kunstkammer, integra artefactos de carácter objetual, científico, artístico e híbrido estabelecendo diálogos multiculturais e interdisciplinares em torno da ideia de paisagem.
Poste e vídeos de Teixeira Barbosa
POSTE - vídeo arte 2.0
Poste, é uma escultura / instalação, mas, igualmente, um dispositivo de exposição de vídeo arte. Rege-se pela Incoerência e Utopia. Local onde os artistas são convidados a comissariar exposições e a expor a cada ciclo de 3 exposições. Pelas próprias características do objecto escultura / dispositivo, a paisagem plástica articula com a paisagem nas suas distintas vertentes que, pelo mais paradoxal que possa parecer, retorna e se converte em paisagem plástica.
...............................................................................
“Amaurota #1”
3’33’’, cor, som
2020
Entre a realidade e a utopia cria-se permanentemente um paradoxo porque o mundo das ideias e das coisas propõe-se activo e efervescente a cada milissegundo, local onde a realidade pode enunciar uma utopia e a utopia suscitar a própria realidade. No entanto, podem manter-se no silêncio para a eternidade sem que ninguém sequer lhe toque ou ouça o seu movimento.
Repetimos acções e gestos desde há milhões de anos. Segundo Deleuze, o facto do próprio acto se repetir implica a introdução da diferença, que proporciona um espaço onde a repetição se liberta do mesmo.
A presença e a ausência mas, também, o mesmo e a diferença, são aqui o fundamento da forma e da representação; porque são lugares comuns que permitem perdurar uma relação oscilante e contraditória do real e da imaginação ao longo do tempo.
Será a partir destas representações intrínsecas e internas ao sujeito que o pensar se desenvolveu, não que o homem não pensasse antes, mas porque o processo evolutivo do pensamento se incrementou através da exploração da repetição pela acção da mão e, também pelas “representações” presentes no ADN.
A mão é, sem dúvida, a grande responsável por esta projecção-interiorização do pensamento, o lugar das «disposições neurovegetativas hereditárias que autorizam a constituição de uma memória inscrita em cadeias de actos» (1) normalmente materializadas pelas aptidões genéticas.
Projectar é «transpor qualquer coisa do interior para o exterior. Pode portanto, aproximar-se projecção (Projektion) e representação (vorstellung)». Através da projecção, do acto de projectar, desenvolve-se a tomada de consciência: o homem observa a sua “acção” e contempla-a. «Assim, a mão e aquilo que cria são incontestavelmente a base real da tomada de consciência do homem em relação a si próprio; sim, porque não há arte, nem ciência que possa – (…) – desembaraçar-se das suas relações com a mão. O homem pode debater-se à vontade; em tudo o que faça e pense, a sua mão está sempre em causa». (2) À mão foi-lhe atribuída a “preensão” para deste modo poder efectuar o “em-preendorismo” e somente depois realizar a “com-preensão”.
A mão, estende-se muito para além de si, ao desposar uma forma que lhe permanece exterior; ela assume a tentativa de explorar a própria dimensão do mundo. «A mão que faz um gesto é, ao mesmo tempo, encantatória e taumatúrgica, pois procura suscitar a vinda de um corpo num espaço, traçando-lhe a forma; forma efémera, mas que propõe um possível a uma realidade que está para nascer» (3), pois encontra na ausência o contacto com a essência vencendo resistências invisíveis mas, ao mesmo tempo, enfrenta o fracasso de atingir uma possibilidade outra que, por paradoxal que possa parecer, através da repetição se supera.
(1) LEROI-GOURHAN, André, in O gesto e a palavra 2 – memória e ritmos, p. 18
(2) BRUN, Jean, Op. cit. p. 58, Ernst Kapp.
(3) BRUN, Jean, Op. cit p. 152
A engrenagem solicita o movimento contínuo num período de tempo sem interrupções. A engrenagem do corpo, das sensações, do pensamento não podem parar, mas será no ínfimo intervalo de tempo onde tudo pode acontecer.
Marco de Canavezes, 1967. Vive e trabalha no Porto.
Artista, curador e professor de desenho. Expõe regularmente desde 1995.
Representado em coleções privadas e institucionais.
Doutorado em Desenho pela FAUP, 2016. Mestre em Artes Plásticas, FBAUP, 2005. Diploma de estudos avançados, Fac. Belas artes de Pontevedra da universidade de Vigo, Espanha, 2000. Licenciado em artes plástica - escultura, FBAUP, 1995.
Criador e curador do Projecto Extéril, 1999 (www.exteril.com). Criador e curador do Proj. Poste - vídeo arte, 2012.. Proj. Subsolo, curadoria do espaço expositivo em colaboração com a galeria Maiana Jones, 2010.
Docente de Desenho na FAUP desde 2000. Criador dos Blogues de desenho 1, 2 e 3, FAUP, 2007-2010. Criador e curador do projecto de Desenho - Riscotudo, FAUP, 2016. Ressonâncias - projecto dedicado à investigação e divulgação do desenho. Membro coloborador de Investigação em Desenho - NID, do Inst. de Investigação em Artes, Design e Sociedade - I2ADS, da FBAUP.