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• 1548. Francisco de Holanda e a Arte do Desenho. (notas)
13. Vd. HOLANDA - Da Pintura Antiga, op.cit., cap.39, p.75-77 onde se verifica a ausência da demonstração dos procedimentos técnicos da construção perspéctica; VASARI, Giorgio - Le Vite de'piú eccelenti architetti, pittori, et scultori italiani, da Cimabue, insino a'tempi nostri. Edizione di Lorenzo Torrentino, Firenze 1550. Torino: Einaudi, 1986 e 1991, Vita de Paolo Uccello: os sortilégios da perspectiva denunciados com humor por Vasari. Importa também recordar que já Leonardo considerava a perspectiva uma questão mais «disputativa» («teórica»? paradigma demonstrativo?) do que um instrumento para se usar.
14. O mundo das formas «orgânicas» invade o espaço da imaginação das formas na época maneirista. Esta tendência orgânica manifesta claramente a existência e a expressão de forças existentes nas formas e nas relações entre as formas. O cartiglio constitui no universo das molduras e dos frisos decorativos uma invenção propriamente maneirista. Ele figura os cortes, os recortes e as dobras de uma superfície, normalmente associada aos efeitos produzidos no couro. Na Galeria de Fontainebleau, Rosso Fiorentino usou este tipo de enquadramento decorativo. Os groteschi, que remontam à arte romana, constituem um exemplo retomado pela «geometria» artística do maneirismo. A duplicação, as reentrâncias e os efeitos de «ruptura» nos elementos arquitectónicos são uma das singularidades da arte do enquadramento.
15. Da imitação do natural à metoposcopia, a linha de inflexão é a arte da compossibilidade do desenho, a linha da disposição das forças «que se vêem» e da «forças que não se vêem». A fisionomia é o momento leonardiano do encontro entre corpo humano e estrutura cósmica, entre força e expressão que prepara a teoria das expressão em paralelo com a teoria humoral e filosófica das virtudes. Na historiografia artística o pensamento de Holanda inscreve-se com grande antecipação nos numerosos escritos sobre o tema que culminam com a primeira edição, em 1586, do Della Fisionomia dell'Uomo de Giovan Battista della Porta, e, em especial com o livro de Lomazzo, L'idea del Tempio della Pittura de 1590. Vd. HOLANDA, F. - Do Tirar polo natural (1549). Lisboa: Livros Horizonte, 1984; HOLANDA - Da Pintura Antiga, op. cit., cap.19, p.50-52; «Il cammino della pittura strettamente intersecata con la Psicologia, cioè con la Fisignomica, è l'asse portante della cultura figurativa occidentale. La sua originalità. Il suo destino», CAROLI, Flavio - Storia della Fisiognomica, Arte e Psicologia da Leonardo a Freud. Milão: Leonardo , 1995, p.9-74.
16. Sobre a «fórmula pathos», WARBURG, Aby - Essais Florentins. Paris: Klincksieck, 1990 e DIDI- -HUBERMAN, Georges - «Notre “Dibbouk”- Aby Warburg dans l’autre temps de l’histoire» In La Part de l’Oeil, 15-16, 1999-2000; IDEM - «Histoire de l’art, Histoire de fantômes – Renaissance et survivance, de Burckhardt à Warburg» in Le corps évanoui – Les images subites. Lausanne: Hazan, 1999.
17. VD. RIEGL, Alois - Grammaire historique des Arts Plastiques. Paris: Klincksieck, 1978. Kunstwollen (vontade da arte) foi a noção encontrada por Riegl para caracterizar as condições criativas de cada época e «território» da arte, sendo que o modelo de confrontação com a natureza constitui a mola de todo o processo; WORRINGER, Wilhelm - Abstraction et Einfuhlung, Contribution à la psicologie du style. Paris: Klincksieck, 1978 (1ªed.Munique 1911). «Ce vouloir ne consistait donc pas à reproduire les choses du monde exterieur ou à les restituer dans leur apparaître, mais bien à projecter à l'exterieur, dans une independance et une perfection idéales, les lignes et les formes de la vitalité organique, l'harmonie de sa rythmique, bref tout son être intérieur»; IDEM - L'Art Gothique. Paris: Gallimard, 1941. Não partilhamos a oposição formal de Worringer na sua tese entre abstração e empatia. Por outro lado preferimos as teses sobre a linha gótica, que tornam possível pensar a exclusão «psicologista» da abstracção denunciada por Worringer, como angústia existencial. |